Me afogo no meu próprio choro; eu devo estar louca mesmo.
Acredite ou não, minhas lágrimas têm fim. Eu não sou um poço sem fundo. Sem fundo de paciência, sem fundo de alegria, sem fundo de paz interior e de sabedoria. Não sou.
Eu estou mais pra uma esponja que se esconde atrás dessa névoa-espuma, da ideia de menina bacana, bem entendida e bem resolvida que absorve perfeitamente tudo, mas eu não sou assim. Todas as palavras-água que parecem fluir como rio nas mentes das pessoas, tão límpidas sobre suas tristezas e felicidades, em mim parecem entupir, mesmo que nem a mim elas pertençam. Mas me possuem. E para onde elas vão? Se entram, devem sair de forma ou outra. Nessa metáfora de água, digamos que sou um filtro bem velhinho que já não funciona nem com reza braba, mas que insiste em se embebedar de água suja. Ou seja, ou elas saem na forma de caldo de desculpa poética ou transbordam em enchentes terríveis que atingem tudo que vêem pela frente. Será que é daí que vem minha dor no peito, no estômago, na garganta, na alma?Será que estou com pedra nos rins?
É, eu devo estar louca mesmo.
Trecho do meu diário
agora é um momento crucial da minha vida e que, apesar de muito gratificante e prazeroso, também é desafiador e requer muito esforço e responsabilidade. eu sempre fui uma pessoa muito disponível emocionalmente para os outros, e não me arrependo disso; o que não quer dizer que é algo fácil. sendo assim, esse é, antes de tudo, um momento de entender as minhas prioridades, o que talvez demande que essa minha disponibilidade diminua. afinal, eu não posso me doar para os outros e faltar para mim.