Há sempre um tom de magia em fazer algo pela primeira vez. Uma vontade de fazer certo, de entender, de quebrar os estigmas e só começar. Eu procrastino para começar. Nisso tem parte do medo, mas da vontade também. O ideal de que as primeiras vezes têm que ser marcantes, memoráveis, dignas de contar história faz com que estejamos sempre esperando o momento certo. Mas ele não chega. Até porque, qual seria o momento certo para viver se não agora, estando vivos?
São assustadoras mesmo primeiras vezes, até porque elas envolvem sair da nossa zona de conforto. E sair da zona de conforto não é só sair mas também entrar numa nova, completamente inadaptada a nós. É como se quando viéssemos ao mundo tivéssemos sido colocados numa caixinha muito muito pequena, e, ao longo do tempo, finalmente vamos nos moldando para caber dentro dela. Quando não cabemos mais, somos colocados em uma nova, e esse processo pode ocorrer tantas vezes e de jeitos tão singulares entre si! Às vezes a caixinha nova é ainda menor, e para caber nela arrancamos parte de nós. Às vezes não tem jeito; transbordamos. Às vezes ela é naturalmente confortável e queremos ficar ali para sempre. Geralmente é aí que somos arrastados à força para a caixinha mais desconfortável de todas. Às vezes a gente destrói a caixinha por completo só para descobrir que depois dela tem mais uma e mais uma e mais uma; parecendo um ciclo sem fim.
“Sua zona de conforto vai te matar”
Mas o fim, sim, chega. E, olhando para trás, o que poderemos dizer que fizemos?
Que vivemos em prol de um momento que nunca chegou? Que esperamos ansiosamente por algo que nunca aconteceu? Que perdemos grandes oportunidades apenas porque, ao invés de aprendermos com cada caixinha – cada fase – das nossas vidas, nos concentramos apenas em passar para a próxima o mais rápido possível? Que, no fim das contas, nos restou apenas o pensamento de: “como passou rápido!”?
A boa notícia é que não precisa ser assim. A má é que, para não ser, você precisa começar agora a se responsabilizar pela única coisa que ninguém pode fazer por você: viver.
Essa é minha primeira publicação. Eu decidi começar. E você?